Opinião Aberta

Pandemia de COVID19: 2 anos aflorando hipocrisias de múltiplas naturezas em âmbito mundial e aqui mesmo na “terrinha”

10/02/2022

Opinião Aberta

Médico e advogado Dr. Fauze José Daher (Divulgação)

Se a alguém fosse solicitado escolher uma palavra (além da tristeza pelas mortes) que representasse a grande quantidade de vícios desdobrados da pandemia de Covid19, essa palavra possivelmente seria HIPOCRISIA.
Desde os primeiros momentos da doença, do apagar as luzes de 2019, com o avanço em 2020 e 2021, até o presente momento, pode ser historiada uma sequência de situações hipócritas.
Uma delas foi a celeuma criada em torno do tratamento precoce e da prevenção medicamentosa, principalmente quando ainda não existiam as vacinas. Quantos leigos em Medicina passaram a ter “fé na ciência”, debatê-la com vigor e ditar regras cabais em postura que define literalmente charlatanismo: ato médico, prescrição e proscrição ditadas por leigos no assunto.
Que barulho tão intenso aconteceu em que, o efeito politiqueiro da questão, fê-la esvaziar-se se ao ponto de ficar comprovado hoje, cientificamente, que há, sim, medicações preventivas e que salvaram vidas com o uso precoce no tratamento.
E, cinicamente, os grandes laboratórios farmacêuticos anunciam agora “seus produtos” de prevenção e em início de doença, cujos mecanismos de ação são os mesmos dos bem sucedidos off label usados (resgatando vida de milhões) pelo bom senso de profissionais médicos conscientes.
O lockdown como medida imposta, assustando o mundo todo, visando reduzir mortalidade, nessa semana, ficou divulgado, pela Univ. John Hopkin’s de Nova Iorque, a ridícula diminuição de 0,2 % na mortalidade por conta do inventivo lockdown.
E pensar que ainda hoje discutem-se opções de prefeitos e governadores imporem medidas desse tipo, como o caso, por exemplo, de lacrar um evento em Barretos. Evento fechado, não mais que o congraçamento de uma torcida em arquibancada, visando recompor a atividade sociocultural e economicista da atividade de um clube tradicional.
A hipocrisia, aí, repousa no fato de se estar assistindo jogos de futebol liberados, resorts lotados e praias repletas nos feriadões, transportes coletivos nunca interrompidos, com pretextos que vão mais na direção de conseguir mais dinheiro por conta da pandemia, sem providências de medidas essenciais. Sem contar a clássico “prestígio” às figuras munidas de conflitos de interesse que mandam em governantes.
Nessa linha aparece um especialista em infectologia, a desaconselhar o evento específico, dizendo que a doença atual é altamente transmissível...que novidade? Sem a responsabilidade de frisar a sua baixíssima mortalidade como doença isolada, isto é, sem considerar que são as comorbidades que realmente têm sido causas das pouquíssimas mortes.
E aí: onde estaria a hipocrisia? Está no fato de, em 4 anos, ter reduzido o número de leitos do principal hospital (Santa Casa) de 360 para 200 sendo tal gestão “técnica” quem não exigiu essa elementar providência junto à irresponsável gestão da saúde da população. Mesmo no período mais grave da pandemia.
Pior ainda: na “folga” dada pela pandemia, AINDA MANTÉM OS MESMOS 200 LEITOS, sem providenciar a reposição ou um acréscimo maior ainda. Isso assim, com previsão de que a doença voltaria com maior infectividade, embora com menor mortalidade.
Muito grave, ainda com o traço da HIPOCRISIA, tendo recebido “dinheiro a rodo” dos governos federal e estadual e denegando essa medida essencial de qualquer serviço de saúde pública, como são os leitos hospitalares.
Há 50 anos, nos bancos da Escola Paulista de Medicina, desde os primeiros passos no curso médico, eu tinha já a visão de que não se consegue conquistas e vitórias em saúde de uma nação, se a sua Economia não fomentar suporte. Havia (e há) uma relação biunívoca inexorável: Saúde está para a Economia, assim como a Economia está para a Saúde.
Sempre foi (e será) assim. É inimaginável, estagnar atividade econômica nacional, por conta dessa ou de qualquer epidemia, a pretexto de um tipo de controle que, está provado, não funciona, seja o lockdown ou qualquer tipo de lacração.
Coroando um exemplo nacional de hipocrisia, é o temor dos nossos amados professores, fugirem da sala de aula como o “diabo foge da cruz”, com medo da contaminação pelo vírus, sem enxergarem milhões de médicos cumprirem o seu juramento, exemplar, patriótica e corajosamente, em missões que são também muito importantes.
O exemplo local da hipocrisia, assunto do dia, é lacrar evento festivo necessário à vida de um clube, e a trabalhadores de um enorme trade envolvido, exatamente num momento em que a doença certamente “fraquejou” e as medidas protetivas e terapêuticas avançaram.
Como alternativa na “vizinhança”, poder-se-á aglomerar num resort interessante e muito procurado. Noutras possibilidades, mais distantes, as praias estarão disponíveis e acessíveis por pontos facultativos facilitadores do próprio governo de índole “lacradora”.
Se o Prof. Neil Ferguson, epidemiologista mundialmente famoso criador da ideia do lockdown (“Pai do lockdown”), admite ter “errado no cálculo”, passando (desde 2021) a preconizar a necessidade de convivência com o problema, como se pode ainda hoje voltar ao início do caminho equivocado?
Para se pensar...e decidir.

Dr Fauze José Daher
Médico e Advogado
Ex Vereador e Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico

Filantropia

A responsabilidade social, com ações que impactam direta e positivamente a sociedade, está prevista no estatuto da Associação Os Independentes e presente em diversos projetos que ganham ainda mais espaço e oportunidades durante a Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos.

Entre elas, está a parceria com o Hospital de Amor, que há mais de 30 anos desenvolve atividades para arrecadar fundos para a manutenção da instituição, conhecida internacionalmente pela qualidade de atendimento a pacientes de todo País gratuitamente.