Despertador é canto de galo acordando o sol. O vento uiva como lobo nas brumas. Encurva braquiaras. Traz o frio da madrugada. Acorda pássaros e bichos do mato. Faz o riacho correr veloz.

PASTO VERDE

A lua termina sua missão. Surge nos países do Oriente. Fogão de lata no chão batido. Esquenta chaleira de água de fazer café. Pó de grão triturado lambe a fervencia. Espalha o perfume da manhã. Parelha de olhos vão se abrindo da preguiça. O horizonte traça sua linha curva. Separa o céu do pasto verde.

SONHOS SERTANEJOS

A comitiva amanhece dos sonhos sertanejos. Ruídos de boi zebu chamando os Peões para a lida. Pés calejados são empurrados para dentro de velhas botas. Um apruma o chapéu caranda. Outro ajeita a tralha nas bruacas. Sob o olhar tranquilo do burro cargueiro. Selas de couro desenhadas nos lombos dos cavalos da tropa.

PEÕES DA PECUÁRIA

Boiada de quatro mil patas dão os primeiros passos. Reiniciam a jornada de léguas deixadas para traz. De dias e noites de solidão. A paisagem muda de cor. Árvores nativas aplaudem o cortejo. O calor mancha a camisa. O suor desce do rosto rude talhado de trabalho da Pecuária. O progresso caminha lentamente para ofertar carne na mesa dos povos da cidade.

OS HERÓIS MORRERAM ANÔNIMOS

Frigorífico a vista, grita o puxa fila. Como se estivesse em alto mar. Uma placa envelhecida na cerca de farpados anuncia a distância de Barretos. A nuvem de poeira aumenta com a vontade de chegar. O gado passa a rodovia de asfalto. Para o trânsito por horas. O berranteiro toca um som de tristeza. O Adeus leva a esperança.

O futuro acabou com a tradição. Os heróis morreram anônimos na última Comitiva com destino ao Chão Preto.

Foto: Mathias Luiz

Abraços cavalares
Marcelo Murta